Volta Redonda realiza seminário sobre população de rua

Volta Redonda realiza seminário sobre população de rua

Cerca de 300 pessoas participaram do evento nesta sexta-feira

 

Bruno tem 32 anos e faz parte da população em situação de rua em Volta Redonda há 10 anos. Com uma doçura incomum para a dureza que a vida impõe a esta população, ele conta que na infância foi abusado pelo pai e que hoje é portador do vírus HIV. Ele fez questão de comparecer na manhã desta sexta-feira, dia 18, ao I Seminário Municipal sobre Pessoas em Situação de Rua, que aconteceu no auditório do Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB). O evento, promovido pela Prefeitura de Volta Redonda, por meio da Secretaria de Ação Comunitária (Smac), tem como tema ‘O protagonismo das pessoas em situação de rua na política de assistência social em Volta Redonda’.

 

Bruno soube do seminário pelo Centro Pop – local que proporciona às pessoas em situação de rua higiene pessoal, alimentação, retirada de documentos, contato familiar, atendimento psicossocial e encaminhamentos necessários. Aproveitou o evento para dar sua opinião sobre o tema que interessa diretamente a ele. “Esta é uma oportunidade boa para saber nossos direitos e nossos deveres e também ajudar com a opinião e sugestão de quem está do lado de cá. Espero que saiam novas ideias daqui, que venham nos ajudar, porque nós precisamos ser ouvidos”, disse.

 

Como ele, havia vários outros moradores em situação de rua, assistidos pelo Abrigo Seu Nadim. Adenilton dos Santos Rodrigues, de 33 anos, está no abrigo há dois e participou da composição da mesa de abertura do evento. É também titular do Comitê Intersetorial que discute a política para as pessoas que estão em situação de rua e viu muita importância nesse primeiro seminário.

 

“Ele visa a melhoria contínua destas pessoas e nós temos que buscar soluções. Nós temos pessoas que estão em situação de rua que têm problemas com a dependência química, a falta de moradia, laços familiares, cultura, lazer e a gente prioriza isso e juntamente com as autoridades, a gente quer melhorar a vida destas pessoas. É muito bom ver pessoas que estão lutando a favor desta população e tem umas pessoas do abrigo, que me elegeram como representante delas e eu estou aqui hoje pra poder pedir o melhor pra vida delas e com isso melhorar a minha também. Porque eu também estou buscando o meu lugar ao sol”, disse Adenilton, que compôs a mesa de abertura.

 

O objetivo do evento, que durou toda a manhã, foi discutir, com parcerias, a política pública para esta população de rua. Na plateia, além das autoridades municipais e convidados, também estavam presentes representantes dos municípios de Resende, Porto Real, Barra Mansa, Quatis, Piraí, Vassouras e Valença, do Conselho Municipal de Assistência Social de Volta Redonda, além de moradores em situação de rua - muitos fazendo uso do Abrigo Seu Nadim e do Quarto de Passagem (locais mantidos pela Smac).

 

“São notórias as ações das igrejas e das associações, mas se nós não tivermos a capacidade de ouvir e construir a política pública, nós vamos enxugar gelo. Não somos nós, prefeitura, que temos as melhores ideias. Mas nós as executamos. E não é uma ação do Samuca, do Maycon ou da Smac, é uma ação que deve ficar para Volta Redonda, independente do governo. Através de uma política pública que eu desejo que seja construída aqui, uma política pública para a nossa cidade”, declarou o prefeito Samuca Silva, em seu discurso de abertura.

 

Renata Carvalho Rodrigues Souza, representante do Centro de Defesa em Direitos Humanos (CDDH), Núcleo RJ, se mostrou surpresa com a diversidade da plateia e o tema do evento. “A importância que a cidade deu a este evento e à população de rua foi surpreendente; o próprio nome do evento ser ‘o protagonismo da população de rua’ já é uma virada definitiva quando se fala de política pública . É essa participação efetiva da população de rua que é a chave de todas as cidades do Brasil que avançaram em política. Todas que avançaram tiveram a participação efetiva de toda a população de rua”, ela afirmou.

 

O secretário municipal de Ação Comunitária e vice-prefeito, Maycon Abrantes,  afirmou que este é o momento preciso para se discutir quais ações devem ser tomadas para a população em situação de rua. “O momento que o país está vivendo é de extrema importância, estamos numa crise sem precedentes e nós precisamos saber como agir com esta população, precisamos ouvi-la, saber quais são suas prioridades e tentar resolver ao máximo estas questões, é para isso que estamos aqui. Temos sido muito cobrados pela sociedade para atuar junto a esta população, mas sabemos que ela não é obrigada a sair desta situação e que as ações têm que ser planejadas. Precisamos entender o que levou estas pessoas a estarem nestas condições, por isso o dia de hoje é fundamental para este debate”, ressaltou.

 

Por Adriana Marins, com fotos de Gabriel Borges - Secom/VR 

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